sábado

Revelações...

(Foto retirada da net)

Após várias horas de reflexão e, o consentimento absoluto de "Marina", resolvi escrever com a minha maior precisão, alguns ou aqueles detalhes sobre a sua vida, que ela mo permitiu.

Não passa de uma história verídica como tantas outras, mas talvez aquela que me faz pensar e acreditar que não pode ficar esquecida, ou apenas escrita num pedaço de papel, no fundo de uma gaveta qualquer...

"Marina", como lhe irei chamar ao longo desta história, era uma criança que sempre se considerou infeliz, sentiu sempre ao longo da sua infãncia que não era amada como os seus dois irmãos. Costumava dizer que a irmã mais velha era do Pai, o irmão do meio da Mãe e ela?

Só lhe restava a Avó materna por quem ela nutria um imenso amor, respeito e compreensão. Talvez por esse motivo, quem sabe, se mostrou ser uma menina rebelde, desafiando a autoridade dos seus progenitores. Estes por sua vez, nunca tiveram com Marina qualquer acto de ternura ou afecto, muito pelo contrário. Não poupavam os maus tratos, nem tanto os fisicos, pior foram sempre os psicológicos...

Hoje, podemos chamar estes actos pelo nome, mas na altura tratava-se apenas de uma sova diária, apelidos chamados indecentes, mas que tudo, pensavam fazer parte de uma educação correcta.

Contudo, Marina sabia divertir-se. A maior parte do seu tempo passava-o na casa das amigas. Um dia esquecendo as horas, ou talvez a falta de vontade de regressar a casa, nem reparou no atraso e o quanto a Mãe desesperada chamava por ela.

Com todo o medo que era suposto, regressou a casa. Foi recebida literalmente ao pontapé, bofetada, e atirada pelos cabelos contra a parede do hall da entrada.(Por lapso esqueci de dizer que Marina contava com os seus 9 anos à altura deste incidente.)

Pobre... Toda a sua face de menina tinha ficado marcada, os hematomas eram sérios e graves, mas não o suficiente para uma ida ao hospital.

Ainda hoje lembra, as palavras proferidas pela mãe enquanto lhe besuntava a cara com cremes que tentavam esconder a fúria..." Vês, o que tu me obrigas a fazer?"

Marina, com os seus 9 anos, sentia que a culpa do mundo, era exclusivamente sua! Poderei até dizer que ninguém naquela casa sabia o significado da palavra Felicidade.

Foi crescendo, sentindo sempre no corpo e na alma as dores de uma péssima educação. Conta que, com apenas 11 anos desejava morrer, e não era apenas uma ilusão de um filme assistido por uma criança... Não! Era algo que ia construindo na sua mente, dia após dia.

Repetiam-lhe sempre as mesmas frases como se a quisessem marcar a ferro: " Tu és Má! Não vales nada! Nunca irás ser ninguém nesta vida". Enfim palavras, que o vento soltou e marcou um coração ainda tão jovem.

Menina ainda, cerca dos seus já muito vividos 13 anos, Marina tentava ser amada por todos os que se dispunham a tal. Amor para ela, era um beijo surgido do nada, um segredo contado por uma amiga, um encontro às escondidas.

Entre alguns beijos e encontros em segredo, julgou então ter encontrado o verdadeiro amor!Ela com 14 , ele com 19, pois...19!

Entre jogos de sedução, onde sempre saía vencedora e, sem calcular o previsto perigo. Marina...foi violada!

A história desta menina, assemelha-se a tantas outras "Marinas", que a vida fez questão de marcar a alma, como um curriculo sem orgulhos.

Sei ainda, deste caminho tortuoso e apesar das tatuagens involuntárias no corpo e na alma, de muitas outras situações inerentes, mas que por agora ficam por contar. Que esta menina, não se deixou rotular como mais uma "coitadinha da vida". Foi crescendo com marcas, mas com elas, fez uma luta diária de Amor e esperança.

Agarrou no sábio ditado , "Não faças aos outros, o que te fizeram a ti" como um slogan para a vida futura, batalhou e venceu...Hoje mulher, acredita no perdão e no amor, mas ainda luta por uma gratidão que não se faz sentir.

"Marina", representa toda a força, determinação, amor e principalmente CORAGEM...
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coragem