domingo

A dor que não se apaga no tempo...

Não consigo compreender porque tenho pensado ultimamente tanto em ti.

Vejo perfeitamente o teu rosto e ouço a voz das tuas palavras...Sinto até o teu perfume nos cantos desta casa, que nunca chegou a ser a tua.

É uma lembrança que não se está a apagar no tempo, pelo contrário...

Sabes, talvez seja a voz do infortúnio que, cada vez que se dirige a mim, é a ti que vejo, é como tu que me sinto, apetece-me falar de ti, não te quero apagar, por mais que essa lembrança me rasgue o peito, por mais que não controle a saudade e a irreparável separação.

Será o efeito das palavras que tenho escrito, aqui e ali, nestes lugares que também eles poderiam ser teus, de certa forma têm te mantido vivo, pode ter sido um erro partilhar-te com tanta gente, mas entendi que era necessário, para que tudo o que sofreste não fosse em vão.

Sabias que há gente que luta... que têm a certeza que vale a pena... que acreditam que morrer nos gestos e nas palavras é morrer de verdade?

Quero, mas não consigo esquecer os problemas que ficaram por resolver. A voz que me atormenta e vive em mim e, ao ouvi-la lembro o quanto te fez sofrer, te maltratou, humilhou. Como poderias tu, não desistir?

Mas eu, não desistirei, por ti, pelas memórias que não se apagam, dão-me elas a coragem necessária para o enfrentar sempre que o sinto perto demais. Dá-me vontade de o fazer engolir cada palavra que te disse, cada gesto repugnante, cada humilhação que te obrigou a suportar. Se nunca esteve ele do teu lado, se nunca te amou de verdade, quem mais poderia fazê-lo...

Sempre que me lembro de tudo o que não queria, tenho vontade de lhe tatuar na pele a tua dor. Não lhe perdoas, pois não? Nem eu!

Tenho tantas saudades tuas...

coragem para falar de ti