Completei 43 anos...
Fiz questão de ver o dia amanhecer, lá fora o despertar do sol quente de Verão, veio dizer-me os bons dias, sorri e deixei-me perder em memórias.
Quando era miúda ansiava por completar mais um ano, por crescer, pela surpresa dos presentes, pelos desejos de feliz aniversário e por estrear roupa nova.
Hoje, não sozinha, mas longe de ter todos os que queria a meu lado, no meu espaço, na minha vida e no meu silêncio, fiz um balanço do que têm sido os meus anos, o que tenho feito com eles, com a vida e o que ela me tem oferecido.
Se pudesse voltar atrás, talvez não seguisse por alguns caminhos, talvez tivesse pensado melhor antes de tomar certas atitudes, talvez não tivesse dito certas palavras e tivesse escutado com mais atenção alguns conselhos.
Hoje sou o que sou, sou aquilo que escolhi ser, com alguns arrependimentos, com muitos erros assumidos e com muitas lágrimas choradas, mas também com muitos momentos felizes, com alguns amigos.
Poucos, é certo, mas são aqueles que me permiti escolher por serem os melhores, por ter aprendido a lealdade, a amizade, a cumplicidade, a partilha, por não me ter deixado envolver pela mediocridade. São aqueles que fazem parte de mim, os que procuro e que eu sei que estão presentes.
Cresci e, aqui sentada em silêncio, dou conta de que os anos passaram muito depressa. Podia ter seguido outros caminhos, mas não estaria aqui, não teria os meus filhos, o meu marido, não teria podido saborear tantas coisas. Por isso não direi que se voltasse atrás mudaria a minha vida, apesar de todas as vezes que vacilei, que chorei, que caí.
Tive sempre a sorte de ter alguém que me estendesse a mão e me oferecesse um sorriso, palavras e silêncio.
Não estreei roupa nova, muito menos estive ansiosa por presentes, apenas esperei que o dia terminasse normal...
Coragem
