terça-feira

Vestígios de mim...

Quero sentir...
Mais que um ar fresco no meu rosto,
quero resgatar esse vento, só para mim,
tomá-lo nos braços como um amante,
sentir-lhe o cheiro, a rosas e jasmim.
Quero vaguear nua, pelas ruas da cidade
sentir a verdade como uma certeza
calcar a terra, com sede de liberdade
e sentir a natureza...
como um rio que corre em mim.
Quero amar...
E nesse amor, perder todo o equilíbrio
poder rasgar ou esquecer, o que até agora senti
e neste chão renascer...
encontrar-me no tempo e lembrar-me de ti.
Quero ostentar em mim, a leveza da vida,
e ao gritar, embargar a voz com a minha razão
calar a mágoa do mundo, tão apetecida
neste frio que sinto, de interiorização...
Não posso...
Calçar os pés, descalços pelo vento
demorar as marés, estender o tempo.
Ou até sentir...
Que o meu momento chegou.
Mas posso, amar...
Tantos vestígios de mim,
que a memória, ainda, não levou.
Coragem