Hoje, tirei de uma das minhas gavetas, aquela caixinha dourada, que vou trocando de lugar, sempre que a limpo, mas sem abrir. Onde ainda se encontram guardadas algumas das minhas lembranças, de um tempo que não pretendo esquecer, mas também, que não permaneça no meu presente.
Até este dia...Nunca pensei muito no assunto. O porquê de guardar um tempo de mim, que não faço ideia o que fazer com ele. Guardar sim, porque foi importante, não digo nem bom, nem mau...Simplesmente importante.
Talvez eu seja, um pouco daquilo que resta nesta caixa, deste tempo que passou.
Concentrei-me, apenas e uma vez mais na limpeza.
Tive coragem e peguei nas palavras de raiva e de dor que se encontravam já tão amarrotadas, tirei-lhes alguma da poeira com um sopro e coloquei-as no mesmo lugar. Desta vez, percebi que deitá-las fora, não as retirava de vez da minha vida.
Depois, com carinho encontrei o amor de infância, tão belo ainda... Tão vivo.
Dobrei os desejos, com aquele jeito, já da mulher que sou. Coloquei pedrinhas de cheiro na esperança, e passei o olhar pelas minhas metas, foi muito mais que um passar de olhos...Fixei-as, tirei-as para fora e perdi-me no tempo. Seriam as mesmas? Pelo sim ou pelo não, resolvi tirá-las da caixa, para não as perder de vista. Serão os meus objectivos, os mesmos de outrora? Serei eu capaz de seguir o rumo que tracei ainda em menina?
Palavras que escrevi, já meio apagadas pelo tempo, iriam me dizer o que fazer hoje, nesta vida de mulher, que o sonho não abandona, mas não inteiramente presente...
Não são mais faceis de atingir, as metas que a alma marca a ferros, do que palavras escritas ou ditas por um momento que não volta mais?
Perguntas demais, para as quais vou ficando sem resposta. Mas a verdade, é que foi muito bom, mesmo por escassos minutos, voltar a ser de novo menina...
coragem*
