Sofia disse...
"sim...sei o que é a vida numa instituição, embora não me possa queixar, pois tenho ao meu dispor tudo o que preciso, mas sei que em muitas outras, não é bem assim.
Apoio.te incondicionalmente numa possível decisão que venha a ser tomada da tua parte, e garanto.te que o que fiz, não foi com intenção de te ferir, apenas me sentia desconfortável naqueles momentos. Se tenho saudades? Nem imaginas o quanto...Há muitas crianças "sem vida" mas acredito, que se lhe estenderes a tua mão, poderão um dia vir a ser muito felizes!
muito obrigada por tudo
gosto muito de ti
20/5/08 09:08"
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Eu tinha quase a certeza, que me lias!
Eu sabia que a minha intuição não me andava a trair, sabes porquê? Porque, acredites ou não, conheço-te como ninguém. Tinha a certeza que mais dia, menos dia, voltavas atrás no tempo, para verificar se o que deixas-te para trás, se mantinha igual. Resolveste comentar o post, com o qual te identificaste mais.
Que me perdoem as pessoas que me lêem mas vou aproveitar este espaço, para te dizer tudo aquilo que não me deixas-te dizer, porque viraste as costas a quem te deu tudo, a quem com muito sofrimento tentou superar a falta que uma Mãe te fez.
A quem, provavelmente não soube lidar, com uma menina carregada de amargas vivências. Aquela menina que lembro até hoje do chinelo de borracha que trazia nos pés sujos, da escova de dentes que aos 8 anos não conhecia. Daquela menina ainda que, após 2 dias de me conhecer passou a chamar de Mãe...
EU FUI (e ainda sou)TUA MÃE!!!
Sabes quando precisei eu do teu apoio?
Todas as vezes que me viravas as costas e eu te dava sempre mais uma oportunidade. Não agora, que percebeste que eu poderia adoptar alguém que, pouco mais precisa que o amor, que nunca soubeste valorizar.
Sabes porque não te queixas da Instituição?
Porque faltas às aulas durante uma semana e mais e apenas dizem: -Ana Sofia, vai às aulas. Isto é atitude de Mãe? Não é minha querida, garanto!
Sabes quando vais acreditar, que o que abandonaste era o certo na tua vida?
Quando tiveres 18 anos. Quando menos esperares, surgem eles, vindos do nada, o tempo vai passar e nem vais dar conta. Aquela idade em que o mundo se tornou enorme, no qual sentimos o vazio deixado pelos amigos, que afinal não o eram. Vais lembrar das "secas" que eu te dava, e aí minha querida vais ter saudade do "desconfortável daqueles momentos".
Com quase 15 anos, tens agora capacidade de entender tudo o que eu escrevi.
Agora, que disse o que talvez já não valia a pena ser dito, passado este sermão, afirmo também eu, gostar muito de ti. Que não vou desistir, nem sei como fazê-lo. E, apesar de ligar diversas vezes para a Instituição, obtendo respostas vagas e até com falta de educação, estou deste lado, vigiando e zelando pela tua vida.
"Que a felicidade encontre o caminho da tua vida e desse lugar que vais chamando de lar".
(coragem para partilhar com todos vocês, certos momentos da minha vida)
