quarta-feira

Motivo...

Enquanto deixo, que os dedos deslizem famintos, pelo teclado desta minha janela aberta para o mundo, pergunto a mim mesma, sobre o que escrever hoje...
Como a resposta não surge, eles teimam em continuar, como não querendo saber, e nem dando importância ao tema ou ao motivo...
Tem que existir um motivo para tudo, continuo!
Paro, entre o espaço e o tempo da virgula, do ponto final que demora em surgir, da interrogação...
Terá mesmo que existir um motivo? uma razão para que tudo aconteça?
Eu, acredito que sim, e lembrei-me de uma poesia de Cecília Meireles para completar o meu post...
Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste :
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
– mais nada.